DEPOIMENTO DE MANUEL DE BRITO


Conheci o António Conceição Júnior em Macau no ano de 1981 quando, pela primeira vez, comissariei uma exposição de arte portuguesa no Museu Luís de Camões, onde ele desempenhava as funções de director do Museu.


Um ano depois estava eu de volta apresentando outra mostra colectiva de arte portuguesa naquele Território e no Museu, que ele eficientemente dirigia.


As primeiras impressões que colhi sobre a sua personalidade foram as de grande sensibilidade artística, elevado conhecimento organizativo, identificação actualizada com as mais recentes metodologias da sua área profissional e, sobretudo, o seu carácter e ética como homem.


Nessa altura começou a alicerçar-se entre nós uma grande e sólida amizade mantida até ao presente e pelas afinidades que ao longo do tempo se foram consolidando, tornou extensiva às nossas famílias.


No plano profissional colaborei com ele nas suas iniciativas, sempre que solicitado, mas não posso deixar de referenciar que aprendi com o António algumas coisas que ele bem dominava e que classifico como laterais na minha profissão, mas enriquecedoras dos meus conhecimentos e práticas profissionais da maior utilidade.


Na altura dos nossos primeiros contactos a sua paixão criativa estava mais localizada na pintura. Penso que se tivesse feito a sua opção por essa via, hoje, passadas cerca de duas décadas, já teríamos a registar significativa obra correspondente ao seu talento e ao empenhamento posto em tudo que é a sua criatividade.


Mas...

As artes gráficas, os selos, a numismática, a medalhística, os objectos, as edições, o traje, a fotografia (de alta qualidade criativa mas não menos importante como registo históricos dos usos e costumes e da riqueza plástica dos ambientes urbanos macaenses e do Continente) a organização de importantes manifestações artísticas levadas a efeito em Macau, e a moda, uma das suas grandes paixões e tendo já dado provas para ser classificado como um dos mais representativos e inovadores criativos a nível internacional.


Com esta síntese de referências do António Conceição Júnior, comedidas, para que não se faça uma interpretação menos correcta dos valores da nossa grande e recíproca estima, não posso deixar de registar, como já o tenho feito verbalmente a responsáveis pela política e pelo desenvolvimento do nosso País que, em Macau, nem sempre foi apoiado como merecia. E, como consequência desse sub-aproveitamento das suas potencialidades, do seu patriotismo e do seu amor por Macau, para os quais estava vocacionado e disponibilizado, não se faz a justiça que merece.


O António porém, não vai parar. A sua obra, o seu talento, a sua família, os seus amigos, o seu coração generoso, originário de Macau, onde terá sempre registo de eleição, vão continuar a alimentar a sua vida.


Manuel de Brito

Lisboa, 1 de Novembro de 1997


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